Os irmãos Lobato d’O Rappa lançam em Brasília o seu Refrão Inquieto no dia 23 de maio, no América Rock Club.

O grupo Afrika Gumbe tem a vocação de celebrar a música que seduz o ouvinte, sempre embalado em melodias bem trabalhadas que fogem do convencional no conjunto com as letras que fazem pensar. Capitaneado pelo músico Pedro Leão e pelos irmãos multi-instrumentistas Marcelo Lobato e Marcos Lobato integrantes do grupo fluminense O Rappa, o trio Afrika Gumbe é pura diversão.

Nesta breve passagem pela cidade, o Afrika Gumbe divulga seu segundo trabalho, intitulado “Meu Refrão Inquieto”, um álbum que envereda pelos prazeres da música africana, flertando sempre com o rock e a MPB.

A apresentação do Afrika Gumbe no dia 23 de maio, no América Rock Club em Taguatinga tem caráter de exclusividade, já que a prioridade dos irmãos Lobato é o trabalho no Rappa, por se tratar de uma atração principal em todos os palcos do país. Mas engana-se quem tira conclusões precipitadas e pensa que o Afrika Gumbe não é levado a sério. Basta escutar o novo álbum “Meu Refrão Inquieto” e se deparar com sons e camadas cativantes.

O América Rock Club, tradicional ponto de encontro da juventude brasiliense em Taguatinga, celebra neste mês de maio três anos de uma programação vigorosa e versátil, sendo assim, uma escolha natural para receber este show especial.

A abertura ficará a cargo do grupo taguatinguense 2Dub, formado Riti Santiago, Bruno Xavier e Samuel Mota, que apresentará seu reggae que deu origem ao projeto Dub Central, com artistas do Distrito Federal que regravaram suas próprias músicas em versão dub.

Serviço:
Atrações: 2Dub e Afrika Gumbe
Local: América Rock Club
Endereço: Qs 03, s/n Conjunto 13, Loja 2b, Taguatinga Sul. Em frente ao Carrefour.
Horário: 21h
Classificação Indicativa: 18 anos
Ingressos: R$ 15,00 no local

 

Vídeo exclusivo Na Rota Do Rock

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Release Afrika Gumbe

A regra do Afrika é negra

Arthur Dapieve

            Apesar dos ancestrais comuns e de toda as semelhanças entre os países, a música africana contemporânea sempre foi um ponto fora do radar brasileiro. Só muito de vez em quando a tela preta faz “biiip!” É chegado um desses raros momentos. O grupo carioca Afrika Gumbe está lançando o seu segundo álbum, 21 anos depois do primeiro. Meu refrão inquieto, a novidade, atualiza as delícias proporcionadas por Afrika Gumbe, o disco, no final dos anos 80. E, diferentemente de seu distante antecessor, todo cantado em iorubá, agora a verve dos irmãos Lobato e de Pedro Leão está exposta ao sol em bom português.

            Na verdade, a existência do Afrika precede em muito aquele disco pioneiro. Desde 1978, sob o nome Afrika Obota, o grupo já batucava  pelo Rio de Janeiro. Nesse meio tempo, seus três integrantes originais se reencontraram como Robôs Efêmeros de Fausto Fawcett , nas bandas de Fernanda Abreu , Fabio FonSeca , Gabriel Pensador , Lenine , Lucas Santanna . Após a saída do cantor guineense Carlos Budjugu ,  trocaram o nome de sua banda para Afrika Gumbe. Os irmãos Marcelo e Marcos Lobato, multinstrumentistas, mais tarde se encontraram no  Rappa, o que deixou pouco tempo para o projeto com o guitarrista e baixista Pedro Leão, que tocava blues e jazz com integrantes do Blues Etílicos e Big Alambik. No entanto, ufa, o seu sonho africano nunca morreu. E aqui está o novo disco.

            Meu refrão inquieto se beneficia do aparato tecnológico surgido nas últimas duas décadas e acrescenta velhas engenhocas que estavam indisponíveis na época do primeiro disco. Os integrantes do Afrika Gumbe dominam essa parafernália como poucos. Ficou de fora, declaradamente, o pedal chorus. O aviso surge ao final do encarte, logo antes de um grito de guerra: “O tecnopop não pode morrer.” Porém, não é tecnopop o primeiro rótulo que vem à cabeça quando se escuta a música do grupo – e sim afropop. Seus discos estão repletos daqueles rendilhados aliciantes de guitarra, daquelas batidas quebradinhas, daquela torrente contínua de notas e de melodias que faz a glória da música africana… De King Sunny Adé, Thomas Mapfumo, Fela Kuti, Ali Farka Touré e tantos outros craques.

            Meu refrão inquieto abre com a sinuosa Folha seca de Didi, um tremendo balanço, de refrão improvável (“Bola inventora da matemática”) e com uma estrofe que exemplifica uma característica da África e do Gumbe, o erotismo: “Como duas bundas tão diferentes/ Que nunca se repetem/ Mas se parecem”. Passou-se apenas uma faixa das 12, e já rola goleada. A seguinte, Biscoito azeitado, reata Continente Negro e Bahia. Nela, a primeira aparição da seção de metais, arranjada por Marcelo Lobato, avisa que o soul, que marcou boa parte da música africana contemporânea, também fez a cabeça do Afrika Gumbe.

            A elegância do soul está igualmente presente, por exemplo, na terceira faixa, Vida é pra acabar, que tem um refrão sombrio, que surpreenderá quem acha que música africana é só oba-oba e lero-lero: “Difícil é aceitar/ Que a vida é pra acabar”. Um pouco mais adiante, os metais de Toque lembram a poderosa Banda Black Rio. Taí, boa referência. Céu de costuras tem outra boa, o duo americano Steely Dan. Como se lê, tudo gente fina. É como explica a canção Refrão inquieto, que evoca ainda a música indiana: “Minha regra eu invento/ Toda ideia eu tento/ Som de scratch e paz/ Samba, rock e jazz”. E a derradeira faixa, Sinais do vento, a única composição de Pedro Leão,  volta ao assunto ao dizer “eu sinto os sinais do vento”. O vento, no momento, sopra forte de novo de Leste para Oeste, da África para o Brasil. Ou melhor, do Afrika Gumbe para o Brasil.

Saiba mais: www.afrikagumbe.com.br