Há quatro anos escrevi um artigo para um blog onde eu falava sobre minha paixão pela Donzela de Ferro (reproduzido abaixo).
Hoje, com tristeza, quis escrever sobre o impacto que a doença de Bruce Dickinson causou em mim.
Ok. Ele não morreu. E os prognósticos médicos são os melhores possíveis.
Mas senti uma tristeza tão grande quando soube que cheguei até a me sentir culpada. Perguntei a mim mesma o motivo daquela vontade tão grande de chorar por uma pessoa que eu não conheço, não é meu amigo, não é da minha família e ele nem sabe que eu existo.
Fiquei triste também quando hoje abri um jornal local e estava a foto de Bruce com a seguinte legenda “…mais um dinossauro adoecido do rock…”
Que eu me lembre, só chorei pela morte da Cássia Eller e do Michael Hutchence (INXS). Porque eles fizeram parte de importantes fases de minha vida, em sua maioria, momentos felizes. E por não poder mais esperar por um disco novo ou por um show em minha cidade…
E comecei a refletir sobre a importância de um ídolo na vida de uma pessoa.
Bruce (e foi ele mesmo e não Di’Anno nem Bayley) que me apresentou o Heavy Metal. Por ele, virei fã dos gritos melodiosos de um barulho apaixonante. Por ele, comecei a paquerar os músicos cabeludos aos idos dos meus 14 anos. Por ele, matava a aula de datilografia para fazer aulas de bateria escondida da minha mãe. Por ele, comecei a juntar as moedinhas para comprar cada lançamento em vinil ou cassete. Por ele, troquei a Capricho pela Rock Brigade. Por ele, comecei a influenciar meu filho desde pequeno, hoje com 18 anos, a escutar música de qualidade. Por ele, me endividei em compras de ingressos e passagens para assistir aos seus shows.
Essa é a importância de um ídolo. Influenciar as pessoas de maneira positiva e fazer com que as pessoas encontrem sua tribo e dividam os mesmos gostos e sentimentos por um estilo musical.
Hoje, com 40 anos me sinto feliz por, de uma forma ou de outra fazer, parte do meio musical com minhas fotografias de shows. Infelizmente ainda não tive a oportunidade de fotografar, credenciada, um show do Iron.
Mas espero de coração que Bruce se recupere totalmente e venha em breve fazer mais um show na capital federal e realize o sonho de uma fã em fotografá-lo, e que continue por muitos anos a trazer felicidade à multidão de fãs que sabem o quão emocionante, revigorante e indescritível é vê-lo ao vivo em um show do Iron Maiden.
Força Bruce!
Sexta-feira, 01 de abril de 2011 05:01 pm
O que é ser uma fã da Donzela de Ferro
Por Karla K.
Brasília, DF – Estou em uma semana de profundo êxtase, pois o show da Donzela de Ferro em Brasília foi o melhor de todos que já fui. Eu, como fã número 666, não posso deixar de acordar pela manhã, ler todas as resenhas e ver as fotos dos shows já realizados no Brasil. Notei em vários comentários, que alguns (fãs?) meteram o pau no show e nas músicas do novo disco The Final Frontier . Dos 15 cd’s que tenho do Iron, realmente este foi o que menos me agradou. Então pensei: o que é ser fã?
Meu gosto pelo Iron começou quando tinha 13 anos e por causa de um garoto no colégio que era fã dos caras e eu, fã do garoto, comecei a dizer que adorava Iron. Mentira pura! Nunca tinha ouvido uma música. Mas para que a mentira fosse convincente, comecei a ouvir e me apaixonei. O garoto? Ah! Nem lembro, mas Bruce e Cia., viraram minha banda número 1. E não era porque o Bruce era lindo, o que me fascinava era o barulho mesmo…e com melodia!
Eu mesmo, tinha preconceito com os discos de Blaze Bayley e Paul Di’Anno. Bruce era o melhor vocalista e ponto final. Mas ao ouvir as músicas de The X Factor , Virtual XI , Killers e Iron Maiden não pude deixar de me render às diferentes fases da Donzela. Entendo quando alguns fãs reclamam do setlist atual, mas a turnê do grupo é para divulgar o novo disco, então, nada mais justo que priorizarem as músicas novas.
Principalmente, depois da última turnê Somewhere Back in Time , que só trouxe os clássicos que todos nós amamos, cantamos e tocamos até o último riff, no meu caso só com air guitar, claro. Compará-la com qualquer outra turnê é uma covardia. Sempre será a melhor.
Mas fã que é fã idolatra, acompanha todas as mudanças musicais, todos os passos, todo o crescimento da banda. Tudo bem que sentimos falta do estilo inicial do Iron com Bruce…na minha opinião não há disco que supere Powerslave . Mas a banda tem que se modernizar, mantendo um pouquinho de suas raízes, mas agradando a nova geração de fãs. Tem que acompanhar a revolução musical, afinal, a diferença é grande dos anos 80 para os dias de hoje.
O fã gosta da banda, da história, dos integrantes, do estilo, das letras, da influência. Fã não mete pau. Fã analisa, critica construtivamente, comparece aos shows para deixar o preconceito com o novo de lado e curtir o que mudou e o seu modo de “ver” a música.
Temos que pensar que Iron amadureceu, ao invés de seguir estereótipos. Além do que é uma banda que valoriza os fãs. Eles não precisam mais fazer shows. Fazem porque gostam e porque sabem da importância que têm para os verdadeiros fãs. Não atrasam shows, não são estrelas, vão a várias cidades levar o melhor do metal, interagem com o público, com a mídia, fazem questão de conhecer o que as cidades que visitam oferecem e não ficam só no eixo Rio-São Paulo.
Bandas que estão iniciando poderiam ter o Iron como exemplo, independente do tipo de música que tocam. E é por isso que como verdadeira fã, serei sempre sua fiel seguidora, agradecerei a cada show que puder ir, e ouvirei todas as suas músicas, sem qualquer preconceito.
Pela primeira vez, consegui ficar perto do meus ídolos, pois estava na pista. Em vários momentos, olhando ora para Bruce, ora para Harris…segurei o choro de emoção. Ouvir “Fear of the Dark” e “Hallowed by Thy Name” ao vivo provoca sensações indescritíveis. Mesmo as músicas do Final Frontier, quando ouvidas ao vivo e com o coro dos fãs, se tornam as melhores! Na verdade, a melhor música não é desse ou aquele álbum. É aquela ouvida no momento certo e com a intensidade certa pelos fãs.
São esses verdadeiros fãs que fazem com que o The Final Frontier esteja em primeiro lugar nas paradas da Inglaterra e em quarto nas paradas americanas.
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