Baseada no livro ‘The Story of Your Life’, de Ted Chiang, a nova empreitada do diretor Denis Villeneuve (“Sicario”, “O Homem Duplicado”, “Os Suspeitos”) conhecida como “A Chegada”, é uma ficção científica à moda antiga. Durante quase duas horas de projeção, o filme vai sem pressa, apresentando seus argumentos e intenções acerca de uma invasão alienígena.
A cadência do roteiro, traduzida por um excelente trabalho de direção, lembra o ritmo de obras clássicas da ficção científica, tais como “2001: Uma Odisseia no Espaço” e “Blade Runner: o Caçador de Androides”. A fotografia escura, com a paleta de cores variando apenas nos tons de cinza, nos transporta para a melancolia impressa na tela. A direção de arte também merece elogios, totalmente minimalista, mas completamente eficiente.
Em sua narrativa, “A Chegada” nos apresenta a visita de doze naves espaciais ao redor do mundo. A produção evita o clichê da paranoia e do desespero, sentimentos comuns a filmes do gênero. Desta vez, o tema invasão tem como foco a comunicação entre seres humanos e os alienígenas, onde a doutora Louise Banks (Amy Adams), linguista especialista, é recrutada pelo Coronel Weber (Forest Whitaker) para decifrar e estabelecer contato. A doutora Banks tem o auxílio do matemático Ian Donnelly (Jeremy Renner), que está muito bem no papel.
Importante ressaltar que “A Chegada”, evita discussões físicas e filosóficas a exemplo do amado e/ou odiado “Interestelar”. Devido ao tema ‘busca pela comunicação’, vejo mais semelhanças com “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, mesmo que não adentre no mundo das cores e alegorias do clássico de Steven Spielberg.
Ao lado de Emily Blunt, que interpreta Rachel em “A Garota no Trem”, a atriz Amy Adams finalmente abocanha seu grande papel e atuação, sendo assim, qualquer uma das duas pode concorrer ao Oscar na categoria ‘Melhor Atriz’.
Conforme muitos preconizam, ainda tenho minhas dúvidas se “A Chegada” é o melhor filme do ano. Acredito que é o mais diferente de todos e tem força para aparecer com destaque em várias listas e premiações.
Em resumo, é fácil se apegar ao mote do filme, pois um dos grandes problemas da humanidade está na comunicação, a cada dia mais apressada e atravessada, com muita informação e pouca digestão. É preciso saber ouvir e falar, seguindo os preceitos da fórmula sugerida pelo centenário provérbio Chinês: ‘Você tem uma boca e dois ouvidos. Use-os nesta proporção’.
“A Chegada” vai na rota e flui com poucos percalços, merecendo nota 9,3.
Trailer
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