No dia 7 de maio de 2016, às 22h30, a Legião Urbana, formada pelo guitarrista Dado Villa-Lobos e pelo baterista Marcelo Bonfá, encerrou no palco do NET Live uma apresentação pausada há tempos, a exatos 28 anos. O show tributo chegou à Capital Federal, após causar euforia em várias cidades do país, e em Brasília não foi diferente, os fãs se empolgaram em vários momentos das 2h20 de show.

A turnê “Legião Urbana XXX Anos” acumula várias qualidades, e a principal delas, além do repertório conciso, trata-se da presença de palco do vocalista André Frateschi. O cantor em momento algum busca imitar Renato Russo, pelo contrário, faz sua própria história dentro do projeto, e o fato de também ser ator, completa a experiência com ótima expressão corporal.

Também é preciso destacar a bela iluminação, e o videografismo, no qual as projeções foram exibidas no mesmo plano da banda, utilizando os músicos como tela, e não de forma usual, apenas no fundo do palco, como em outros shows. Um grande videoclipe de texturas graças a letras e fotos gerando belos efeitos.

O aviso de embarque no espetáculo “Legião Urbana XXX Anos” é anunciado pela canção intro: “Space Oddity” (David Bowie). Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá tomam o palco acompanhados por André Frateschi (vocal) em todas as canções — exceto nas indicadas na cobertura —, Lucas Vasconcellos (guitarra), Mauro Berman (baixo) e Roberto Pollo (teclados) para apresentar a primeira parte do show, onde o álbum de estreia da banda é executado na íntegra.

Temos “Será”; um novo arranjo para “A Dança”, com Dado no vocal; “Petróleo do Futuro”; e, “Ainda é Cedo”, onde Bonfá assume a voz na canção , com direito a incidental “Love Will Tear Us Apart” (Joy Division).

Em seguida, “Perdidos no Espaço”; “Geração Coca-Cola”, André levanta a plateia tal qual um jogador convoca a torcida; em “O Reggae” temos nova incidental, desta vez, com Dado entoando “Guns of Brixton” (The Clash); Baader-Meinhof Blues; Soldados; Teorema; e o público se derrete com a emocionante “Por Enquanto”, com direito a “Heroes” (David Bowie).

Ao anunciar o fim da primeira parte, Dado diz que serão ouvidas palavras proféticas de Renato Russo, e afirmou ‘que a noite está foda, que histórias de 30 e 40 anos atrás estão sendo reavivadas na memória, agradece e se despede avisando que voltará em breve‘.

Na segunda parte, hits de todas as épocas da Legião Urbana, a festa recomeça com “Tempo Perdido”, tendo Dado e Bonfá nos vocais; “Daniel na Cova dos Leões”, com direito a ‘viva Renato Russo e Renato Rocha‘; Há Tempos; e o primeiro convidado da noite, Jonnata Doll, do grupo cearense Jonnata Doll & Os Garotos Solventes, que praticamente passou vergonha ao interpretar “Tédio (Com Um T Bem Grande Pra Você)”; em seguida foi convidada para subir ao palco, Marina Franco, que é modelo e tem uma banda carioca chamada Glass and Glue. A cantora/modelo se saiu bem durante “Dezesseis”, e até fez bonito na parceria com André em “Meninos e Meninas”.

Dando continuidade, tivemos “Eu Sei”; em “Pais e Filhos”, Bonfá inverte os papéis com André e assume os vocais; “Angra dos Reis”; para a execução de “O Teatro dos Vampiros”, Dado assume o vocal e discursa ‘esta é uma música sobre a televisão e os absurdos que testemunhamos frequentemente, como a política nas últimas semanas. Vivemos uma época conturbada‘; “Quase Sem Querer”; e em “Índios”, a última música, Dado divide os vocais com André.

Na derradeira parte, o BIS, Dado pergunta para a plateia se ‘estão prontos para a próxima e ela dura nove minutos‘, a banda entoa “Faroeste Caboclo” que é cantada em uníssono, um dos pontos altos do show, que é floreada por mais um discurso: ‘mostrei a cidade para nossos amigos — os que vieram de São Paulo e do Rio —, falei da Roconha, da primeira apresentação no congresso odontologia, e 30 anos depois estamos aqui. Obrigado!’ Continua: ‘Nós fazemos parte da cultura desse lugar — Brasília —, representamos esse lugar no país inteiro e fomos relevantes em todo o Brasil‘, e completa: ‘O Rio de Janeiro está f*****, Cunha voltou para lá e é nosso vizinho na Gávea‘, se referindo ao tecladista Roberto.

No sprint final, foi executada “Perfeição”, com Dado e André dividindo os vocais, em uma canção que segundo o guitarrista ‘trata da intolerância e incompreensão, que infelizmente estão por toda a parte‘ e mais uma incidental “Lithium” (Nirvana); a terceira participação, Gerusa (Geraldo Ribeiro), baixista das bandas Blitz 64 e Escola de Escândalo em “Que País É Este?”; e, a apoteótica apresentação da “Legião Urbana XXX Anos“, em Brasília, chegou ao fim com “Eduardo e Mônica”, pela primeira vez nesta turnê e com Dado afirmando que ‘esta cidade sempre o impressionou, vamos cuidar bem dela‘, pediu.

Cada um dos cinco mil que testemunharam este espetáculo saíram felizes. A energia trocada entre banda e plateia foi única e emocionante. Ao final, no camarim, André Frateschi me disse ‘que foi uma emoção única, que ainda estava tremendo pela adrenalina por se apresentar na cidade onde a Legião foi formada, e tudo saiu perfeito!‘ e Dado, muito emocionado, confidenciou que ‘antes do show estava muito nervoso, mas enfim, a alma estava lavada, e tinha esperança de voltar a rever em breve o público da cidade que o acolheu em praticamente toda sua vida‘. Também esperamos por isso, afinal, a noite foi perfeita! Obrigado a todos os envolvidos.

FOTOS E REPERTÓRIO:

Setlist:

. Será
. A Dança
. Petróleo do Futuro
. Ainda é cedo
. Perdidos no Espaço
. Geração Coca-Cola
. O Reggae
. Baader-Meinhof Blues
. Soldados
. Teorema
. Por Enquanto
Intervalo – Profecia de Renato Russo
. Tempo Perdido
. Daniel na Cova dos Leões
. Há Tempos
. Tédio (Com Um T Bem Grande Pra Você)
. Dezesseis
. Meninos e Meninas
. Eu Sei
. Pais e Filhos
. Angra dos Reis
. O Teatro dos Vampiros
. Quase Sem Querer
. “Índios”
BIS:
. Faroeste Caboclo
. Perfeição
. Que País É Este?
. Eduardo e Mônica