O Capital Inicial, deve ser a banda de Brasília que não tem mais nada a provar para ninguém, mas para a cidade que a originou, o grupo formado por Dinho, Fê e Flávio + Yves, sempre tem algo a provar. As últimas apresentações não foram unanimidade, graças a problemas, como a exemplo de outras praças, a falta da execução de um repertório completo, dentre outros. Bem, se os anteriores não foram elogiados, desta vez, elogio tem de sobra.
Quem arriscou e compareceu ao NET Live, no último dia 29 de abril, testemunhou uma banda irretocável, setlist praticamente perfeito, cenografia intimista, iluminação perfeita e a presença de palco ímpar daquele que é um dos músicos mais carismático do rock nacional, o vocalista Dinho Ouro Preto.
À meia-noite, com a canção “Ressurreição”, o Capital Inicial subiu ao palco para apresentar a turnê do álbum “Acústico NYC”, — conhecido por alguns como acústico 2 —, antes da quarta “Depois da Meia-Noite”, Dinho deu início às interações com a plateia: esta apresentação seria uma síntese do trabalho da banda, representado pelo novo disco em canções novas e velharias. Na sexta “Doce e Amargo”, o vocalista informou que a turnê está no início, daí, não decorou todo o setlist e ainda não está conseguindo se apresentar sentado.
Em “Respirar Você”, comentou sobre o cuidado que a banda teve em rearranjar canções, homenagear Charlie Brown Jr. e brincou com introdução inspirada em Beatles para “O Lado Escuro da Lua”. Em seguida, afirmou que o Capital, mesmo com tanto tempo na estrada, ainda não sabe ao certo o que tocar e garantiu que a próxima canção as pessoas curtem e a banda executou “Olhos Vermelhos”.
Para as próximas músicas, em “Melhor do Que Ontem”, Dinho desejou que os dias sempre pudessem ser os melhores e durante “Como Se Sente”, brincou que o baixista Flávio estava provando que era o instrumento mais fácil de tocar, pois o músico estava arrebentando com dois dedos quebrados.
Na inédita “Vai e Vem”, o vocalista citou as ótimas contribuições dos amigos Seu Jorge e Lenine para o acústico gravado em Nova Iorque e convocou a plateia para cantar junto “À Sua Maneira”. Antes da canção de protesto intitulada “O Cristo Redentor”, o primeiro brado da noite contra os políticos, sem esquecer o desastre da ciclovia no Rio de Janeiro e por consequência do prefeito Eduardo Paes.
Chegou a vez de “Não Olhe Pra Trás”, com elogios rasgados ao músico Lenine, para em seguida, antes de “Tempo Perdido” da Legião Urbana, Dinho exaltar o rock nacional, afirmar que este é um momento de celebração e aproveitou para contar a história de um show da Legião, no início de carreira, em um clube minúsculo, em São Paulo, que só tinha a presença do Capital Inicial no papel de público.
Veja um trecho da canção:
No fim de “Tempo Perdido”, totalmente saudosista, o vocalista confidenciou: Não somos tão jovens, mas aprontamos demais nesta cidade há 30 anos. Foi um momento de emoção e aplausos em profusão. Ao executar “Me Encontra”, cover do Charlie Brown Jr., Dinho agradeceu a presença de Thiago Castanho — guitarrista do CBJr. — tanto como músico da turnê, quanto por sua participação na gravação do acústico.
Após “Quatro Vezes Você”, o vocalista anunciou o fim da primeira parte do show, e que a banda retornaria em poucos minutos para tocar o que ficou de fora.
Na volta do Capital Inicial para a segunda parte, a plateia cantou parabéns para Dinho, que visivelmente emocionado, lembrou que seu aniversário havia sido há dois dias e ele comemorou em grande estilo, se apresentando com Marky Ramone, baterista dos Ramones, que fazia um show em São Paulo. Classificando a comemoração de aniversário como surreal! E a banda então atacou com a linda canção, conhecida por “Fogo”.
Chegou o momento de canções clássicas, antes de “Música Urbana”, Dinho lembrou que esta foi uma das primeiras músicas escritas sobre Brasília. Em “Fátima”, decretou: uma das melhores músicas do Rock brasileiro. Antes do tradicional cover de “Que País é Esse?” da Legião Urbana, o vocalista disparou contra os políticos, sobre o momento ruim que o país está passando; que o ceticismo generalizado está atrapalhando o julgamento das situações; que caso a Dilma sofra o impeachment, o certo seriam novas eleições; e, que Eduardo Cunha para se tornar um Darth Vader só falta o capacete. Para a derradeira canção da noite Primeiros Erros de Kiko Zambianchi, Dinho bradou que não aceita Michel Temer como presidente, que além de não ter legitimidade para assumir o cargo, ainda parece com um coveiro ou mordomo daqueles de filmes de terror.
Enfim, após 2h20, com direito a 28 canções, a apresentação do Capital Inicial significou um par de horas dentre as mais divertidas da minha vida, levando em consideração a quantidade de apresentações que testemunhei. A banda está de parabéns, é muito legal ver a felicidade estampada no rosto dos músicos e da plateia. O vocalista Dinho está mais carismático do que nunca, e seu grito: do caralho!!!” — que já foi muito questionado —, só foi ouvido duas vezes durante todo o show.
Antes que você pergunte, considero o repertório quase perfeito porque ao invés de “Natasha”, deveria ter sido executada “Belos e Malditos”, que estava sendo esperada por todos os fãs mais antigos do grupo.
Desculpem as fotos registradas via celular, estava tudo tão perfeito que quis dar ao show a atenção que ele merece.
Abaixo, o setlist completo e na sequência:
No Responses to “Capital Inicial (re)conquista Brasília”