Após assistir Watchmen e ao ficar boquiaberto, só resta lhe avisar: não é um filme de heróis convencional, a produção abdica das velhas fórmulas utilizadas no gênero como ação desenfreada e a necessidade de evidenciar o carisma dos "paladinos da justiça", situação difícil é identificar quem é vigilante ou vilão porque seus respectivos atos mudam tudo, como diria a música: "a mesma mão que acaricia, fere e sai furtiva" (Flores do Mal – Barão Vermelho). O bem ou mal se confundem, pois estão intrinsecamente conectado as escolhas e ao turbilhão de problemas e/ou soluções que elas podem causar.
A obra em quadrinhos de Alan Moore que inspirou a película, deu ao diretor Zack Snyder um arsenal incrível para fazer um filme explosivo, que provavelmente precise ser visto mais de uma vez para decifrar todos os nuances e detalhes que são lançados a todo o momento em nossa retina. O diretor faz de Watchmen uma produção densa, permeada pelo mundo em crise à beira de uma hecatombe nuclear, graças a duas superpotências (EUA x URSS) em guerra fria. Ao tratar dos heróis, Snyder evita a armadilha do maniqueísmo, aonde o grupo de "vigilantes" precisa administrar conflitos internos, a busca de identidade, uma conspiração, escolhas e renúncias.
Depois de Batman, O Cavaleiro das Trevas recebemos novamente um soco no estômago, só que agora a pancada dói mais, o roteiro tem o poder de nos deixar estupefato, a linguagem de câmera e a fotografia nos coloca próximo a situações que certamente preferiríamos não testemunhar ou ter que opinar. Nada é gratuita, inclusive a violência, tudo tem seu sentido pleno embora você não concorde.
Pontos de destaque estão em todos os fotogramas, seja pela trilha sonora devidamente encaixada em pontos importantes por grandes nomes como Nat King Cole, Bob Dylan, Jimi Hendrix, Simon & Garfunkel, Janis Joplin, KC & The Sunshine Band, Leonard Cohen e Nina Simone ou pelas referências à cultura pop e política, estão lá: a alusão ao futuro presidente Ronald Reagan, o destituído Richard Nixon, a figura Che Guevara, o assassinado John F. Kennedy, o pop Andy Warhol (15 minutos de fama), a chegada do homem à Lua, a guerra do Vietnam, as torres gêmeas, a santa ceia, alusão a fotos famosas (abaixo) e vários outros. Boa parte dessa sequência está nos créditos de abertura do filme. Só não leva nota 10 porque a música é do Bob Dylan, mas a construção das cenas é espetacular.
Watchmen destrói o sonho americano, satiriza o comportamento humano, é sexy, violento e nos faz filosofar sobre a sociedade e a vida. Vale lembrar, quem gosta de filme adocicado de herói vá ver o Quarteto Fantástico porque agora o bicho pega!
Confira a programação de cinema e compareça, totalmente na rota, nota 8,5!
Curta abaixo algumas fotos filme, inclusive as comparações propositais com fotos famosas.
1945, O Japão se rende e o EUA em festa vai as ruas para comemorar, o fotógrafo Alfred Eisenstaedt capta o exato momento que um marinheiro beija uma enfermeira. Em Watchmen esse momento é muito moderninho e sairá caro.
Riboud apresenta um jovem colocando cravos nas armas de soldados durante uma manifestação em protesto contra a guerra do Vietnam em 1967. No filme a surpresa é avassaladora.
Protesto de um monge que ateia fogo em seu próprio corpo.
A pintura de Leonardo da Vinci
Santa Ceia
Assassinato de John F. Kennedy e o desespero de sua esposa Jacqueline Kennedy.
A contestada viagem à Lua.
Clique nas fotos para vê-las em melhor resolução.
Se quiser ler o que postei antes do filme estrear está aqui.
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