Em 1992 foi lançando o álbum duplo Música p/ Acampamentos, da Legião Urbana. Na época eu nem fiquei sabendo… Nessa época, tudo que tinha na minha vida era impedimento para eu jogar futebol: escola, aula de inglês, almoçar, jantar, dormir, ir ao shopping, tomar banho, ir ao dentista, ver televisão, etc… Eu tinha 12 anos e o Brasil passava por turbulências em sua política que culminaram na renúncia de Fernando Collor e por uma onda que assolou as rádios por toda década de 90: o sertanejo e o axé. Eu gostava de rock, mas meu conhecimento do assunto era restrito a grande sucessos radiofônicos, como Sílvia do Camisa de Vênus, Pelado do Ultraje a Rigor ou Música Urbana do Capital Inicial.
Meu contato maior com rock se dava com um tio meu, que ouvia rock (não era um grande fã, pois nos anos 90 ele se vendeu para o axé e o sertanejo, mas nos anos 80 ele era rock). No carro dele, ouvi, na época do lançamento, o Quatro Estações da Legião, o 1º ao vivo dos Engenheiros, com alívio imediato sendo repetida por ele e todos seus colegas até à exaustão e mais alguns hits que povoam o fundo da minha memória.
Até que em 1994, eu achei na casa da minha vó, o Música p/ Acampamentos. Fiquei fascinado com tantas informações, um álbum com dois vinis, aquela banda de Brasília que meu tio ouvia… Gravei-o em uma fita K-7 para ouvir no meu walkman (sim, eu sou antigo e assistia à Manchete). Comecei a ficar horas e horas ouvindo a depressão de Pais e Filhos e a epopéia do Faroeste Caboclo. Parava, rebobinava a fita e ouvias as duas músicas novamente. Achava o máximo aquele monte de palavrão em Faroeste Caboclo, ainda mais contando uma história citando locais que eu conhecia (Planaltina, Asa Norte, Ceilândia…) e a cidade onde eu morava(Taguatinga)!!!!. Pais e Filhos eu ouvia por influência de todas as meninas da escola que eu estudava que AMAVAM essa música…
Aos poucos comecei a ouvir as outras música. Primeiro fiquei curioso com Daniel na cova dos leões, pois era uma música que tinha meu nome no título. Depois fiquei louco com Ainda é Cedo e aquele desespero quixotiano por uma mulher, coincidentemente uma situação que eu passava na época…e um ano depois… e no outro ano, e depois…
O álbum é uma compilação de apresentações ao vivo da Legião Urbana em show, programas de TV e rádios. Hoje, podendo analisar cada música com calma, só não entendo que diabos “Rhapsody in Blue” faz no final do Disco 2. Favor, alguém me explique…
Musíca p/ Acampamentos – Disco 1
Fábrica + Daniel na Cova dos Leões, nessa ordem, é o melhor começo de álbum/show/disco ao vivo de todos os tempos. A energia dos primeiros acordes de Fábrica seguido com a histeria do público em Daniel é arrepiante.
Canção do Senhor da Guerra é uma música visionária, quase uma oração. Teatro dos Vampiros foi uma das músicas que mais ouvi quando tinha 18/19 anos só pra ouvir o trecho “… os meus amigos todos estão procurando emprego…”.
Ainda é Cedo: Clássico do BRock. Gimme Shelter: Clássico do Rock Mundial. Resultado: umas das performances mais autênticas de Renato Russo. Assim como a introdução de Baader-Meinhof Blues, simulando uma perseguição policial. Aliás, você sabe quem foi ou o que é Baader-Meinhof? Baader-Meinhof era a alcunha conhecida da Facção Exército Vermelho, organização de guerrilha urbana alemã (MEDO) responsável por assaltos a bancos e homícidios na Alemanha Ocidental, nas década de 60 e 70 do século passado.
A Montanha Mágica é umas das músicas mais introspectivas da Legião Urbana. Com as incidências musicais de You’ve Lost that Loving Feeling de Righteous Brothers, Jealous Guy do Jonh Lennon e Ticket to Ride dos Beatles, ainda mostra algumas vertentes que influenciaram a banda.
Fechando o disco 1, duas músicas gravadas originalmente para o Acústico MTV. Eu sei e Índios mostram a banda no melhor estilo violão e voz, talvez como uma referência à música para acampamentos. E a introdução de Índios é uma ode à dramaticidade da música.
A maior banda de BRock de todos os tempos.
Segunda-feira, música por música do disco 2 e a fascinante história de João de Santo Cristo.
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