“Logan” (2017) é um daqueles filmes executados com maestria para abalar nossa estrutura psicológica. Muitos podem alegar que isso é relativamente fácil, já que existe um preceito cinematográfico a ser seguido. Não meu caro, não é! Muitos seguem uma “receita de bolo”, mas a plateia só age de forma responsiva quando a qualidade é assegurada; felizmente a arte de dar vida a um roteiro e torná-lo crível em conjunto com a parte técnica é um exercício para os bons, sendo assim, os ótimos atributos da derradeira aventura do mutante Wolverine estão garantidos.
Há 17 anos, quando Hugh Jackman fez sua estreia como Wolverine em “X-Men: O filme”, o ator repetiu este papel nove vezes, fazendo os fãs acreditarem que o anti-herói realmente existe. Infelizmente, chegou o momento de Jackman dizer adeus!
Para a direção de “Logan”, James Mangold foi mantido em sua função após ter assegurado qualidade a “Wolverine Imortal” (2013). O segundo spin-off do mutante mais famoso do universo Marvel tem suas vantagens, ao contrário da vergonhosa produção de estreia solo do personagem, intitulada “X-Men Origens: Wolverine” (2009).
Desta vez, temos um filme de herói que pode causar estranheza aos fãs de produções baseadas nos quadrinhos, pois “Logan” foge totalmente aos padrões, e de modo afortunado, esta é uma das qualidades da produção. Não espere vilões grandiosos e as tradicionais cenas gratuitas de ação, tudo é bem dosado para dar visibilidade ao que interessa, o desenvolvimento dos personagens.
Em um futuro distópico, o ano é 2029 e os mutantes estão praticamente extintos. Logan (Hugh Jackman) passa por problemas físicos decorrentes da idade, é o responsável por cuidar de Charles Xavier (Patrick Stewart) – que está em estado demente –, e para piorar a situação, um outro mutante passa a ser colocado sob seus cuidados, a menina Laura (Dafne Keen), conhecida pelos fãs dos HQs por X-23. A atuação de Dafne é incrível, fiquem de olho, a criança pode vir a ter uma carreira de destaque.
A deterioração física de Logan e Charles, causada pela idade e outros problemas é retratada de forma impressionante pelo processo de maquiagem. Falando em deterioração, graças as cores desbotadas pela fotografia de John Mathieson, a ambientação empoeirada de um mundo sem perspectiva é apresentada com sucesso.
Em uma das cenas, enquanto assiste na TV o clássico “Os Brutos Também Amam” (1953), o professor Xavier relembra de forma nostálgica do passado e traça um paralelo com o presente de Logan e Laura: “não há vida com matança, seja ela certa ou errada”.
O miolo do filme investe no estilo roadie movie, proporcionando ótimas sequências que desembocam em um clímax memorável, sensível e emocionante. É preciso fazer um alerta: pessoas sensíveis à violência irão ficar incomodadas com a violência gráfica. O bom é que finalmente temos um Wolverine à altura de sua jornada nos quadrinhos, leia-se com #sanguenosolhos.
Finalizo minha crítica afirmando que “Logan” é um dos candidatos a melhor filme do ano, pois agrada em cheio a vários tipos de plateia. Aconselho que você o assista o quanto antes para fugir dos spoilers. Imperdível, trata-se de uma obra comovente, dramática, empolgante e eletrizante que transita em um rota perfeita garantindo nota 9.3.
TRAILER
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